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terça-feira, 6 de julho de 2010

#Brasil - Um pais sem educação!

'Brasil ainda não saiu da inércia'

Sem uma análise dura sobre nossa realidade educacional, dificilmente sairemos do lugar

Em 1995, ano em que começa a série histórica do Sistema de Avaliação da Educação Básica, os alunos da 4.ª série tiveram como desempenho médio na prova uma pontuação de 188,3. Em 2009, o desempenho médio foi de 184,3. No mesmo período, ao final da 8.ª série, a média variou de 256,1 para 244 pontos. Ao final do ensino médio, passou de 290 para 268,8 pontos.
A análise dentro dessa perspectiva histórica mostra que os incrementos nas notas da prova em anos recentes não dão respaldo para celebração. Reforça a preocupação o fato de a performance dos alunos estar muito distante da expectativa de aprendizado para cada uma das séries.
Embora não sejam oficiais, dados publicados pelo MEC indicam que na prova de língua portuguesa, o nível adequado para alunos de 4.ª série seria atingir 200 pontos. Para os de 8.ª série, o ideal seriam 300 pontos. E, ao final do ensino médio, o adequado seriam 350 pontos.
Os dados sobre o ensino no Brasil não surpreendem. De acordo com a primeira lei de Newton, um corpo só deixa seu estado de repouso ou de movimento retilíneo uniforme se sobre ele atuar uma força externa. E, com exceções pontuais, não há no País políticas públicas que tenham força para tirar a nação da inércia educacional. Por causa dessa constatação, o Boletim da Educação no Brasil, publicado pela Fundação Lemann no ano passado, trouxe no título o questionamento "Saindo da Inércia?".
Não nos enganemos. Sem uma análise dura sobre nossa realidade educacional, dificilmente sairemos do lugar. Pior. Ficaremos para trás, porque outros países, que já estão anos-luz na nossa frente, continuam insatisfeitos com a educação que oferecem à sua população e fazem enormes esforços para continuar melhorando."
É DIRETORA EXECUTIVA DA FUNDAÇÃO LEMANN

#Beira Rio- A luta pela justiça!

Alta de tributos sobre bebidas será discutida na Câmara
DCI - 06/07/10

SÃO PAULO - O Sistema de Controle de Bebidas (Sicobe), que instituiu a cobrança de R$ 0,03 sobre as unidades de bebidas envasadas, tem gerado polêmica entre órgãos arrecadadores e pequenos fabricantes. Por isso, será submetido a audiência pública, no próximo dia 13, na Comissão de Finanças e Tributação, da Câmara dos Deputados, atendendo ao requerimento do deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB/PR).

O problema vem se estendendo a mais de 16 meses, quando o Ministério da Fazenda, que reconhece os impasses da situação, prometeu uma solução para o assunto, mas não tomou providências. Para o evento são esperados mais de 80 fabricantes.

Na opinião de Hauly, essa audiência poderá solucionar o problema em até 30 dias. "Queremos ver a extensão dessa cobrança e o equilíbrio das empresas da área, vamos ouvir as duas partes. Será um momento de esclarecer as divergências, se é legal, se é justa. Poderemos verificar se a lei atende os pressupostos da livre concorrência e constitucionalidade", disse Hauly. A Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil (Afrebras) já declarou o pedido à Justiça para que seus associados deixassem de pagar à Casa da Moeda R$ 0,03 por unidade produzida como prevê o Sicobe, além de solicitar a indenização aos pequenos fabricantes pela Casa da Moeda.

"Manter a situação atual é retornar ao passado, onde a tributação era fixa. Essa situação faz com que os pequenos fabricantes tenham uma carga tributária muito superior à das grandes corporações, líderes de mercado, onerando apenas os pequenos fabricantes", reclama o presidente da Afebras, Fernando Rodrigues de Bairros.

"Não é compreensível que o Ministério da Fazenda, que conhece o problema e sabe que existe erro, não tome nenhuma providência. Ao invés de estimular as pequenas empresas como em todos os outros setores da economia, acaba prejudicando com a falta de solução", completa o presidente da entidade.



De acordo com a Receita Federal, este novo instrumento de controle, juntamente com os demais que visam o controle de produção, possibilitarão tornar mais efetiva a fiscalização e o combate à sonegação no segmento de fabricação de bebidas, eliminando a concorrência desleal e protegendo as empresas que cumprem regularmente suas obrigações tributárias.

Instalado nas linhas de produção, o Sicobe permite à Receita Federal controlar, em tempo real, informações sobre a fabricante, a marca comercial e a data de fabricação de todos os produtos líquidos que chegam ao mercado.

O setor de bebidas é um dos maiores pagadores de tributos federais. Em 2009, somente PIS, Cofins e IPI geraram receita de R$ 5,3 bilhões. A cobrança é feita estimando-se uma produção anual entre 11 bilhões e 12 bilhões de litros de cerveja e 13 bilhões a 14 bilhões de refrigerantes.

Quando os equipamentos estiverem instalados em todas as fábricas do País, a Casa da Moeda do Brasil deverá receber cerca de R$ 1,3 bilhão por ano, segundo cálculos da associação. A estimativa foi feita pela Afrebras considerando o volume anual de refrigerantes, água mineral, cervejas e outras bebidas.

"Sempre procuramos o equilíbrio para estabelecer a livre concorrência, dentro do principio da legalidade e da ordem econômica nacional", frisa o deputado.


Outro ponto que prejudica o setor de bebidas é a paralisação do decreto elaborado pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, que atualiza a tributação sobre o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), PIS e Cofins. O documento deveria ter sido publicado no dia 1º de março deste ano, mas está parado no Ministério da Fazenda. "A não publicação prejudica o setor de bebidas de todo o País e beneficia apenas as grandes corporações, como Coca-Cola, AmBev e Schincariol", explica o presidente da Afrebas.

A não vigência desta norma está acumulando uma economia de R$ 1,5 bilhão por ano para as grandes empresas, conforme levantamento da Afrebras. No setor de refrigerante a economia chega a R$ 653 milhões, sendo que apenas a Coca-Cola, por exemplo, tem uma economia de R$ 383 milhões. No estudo feito sobre a cerveja a economia é ainda maior totalizando R$ 850 milhões, com a AmBev liderando a lista com R$ 722 milhões, seguida pela Schincariol com R$ 49 milhões.



Segundo Bairros, a atualização das bases de cálculo se faz necessária para que não ocorra um retrocesso, beneficiando grandes empresas. "Mais uma vez o interesse individual prevalece sobre o interesse da sociedade, porque o poder público está sendo atacado pelo forte lobby das empresas poderosas e dominantes do setor de bebidas", destaca Bairros.

O Sistema de Controle de Bebidas (Sicobe), que instituiu a cobrança de R$ 0,03 sobre as unidades de bebida envasada, tem gerado polêmica entre órgãos arrecadadores e pequenos fabricantes. Por isso será submetido a audiência pública no próximo dia 13, na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, atendendo a pedido do deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB/PR).

O problema começou no ano passado, quando o Ministério da Fazenda, que reconhece os impasses da situação, prometeu uma solução para o assunto, mas não tomou providências. Mais de 80 fabricantes são esperados no evento.

Na opinião de Hauly, essa audiência poderá solucionar o problema em até 30 dias. "Queremos ver a extensão dessa cobrança e o equilíbrio das empresas da área. Vamos ouvir as duas partes: será um momento de esclarecer divergências, se são legais, justas. Poderemos verificar se a lei atende os pressupostos da livre concorrência e da constitucionalidade", disse Hauly.

A Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil (Afrebras) já declarou o pedido à Justiça de que seus associados deixassem de pagar à Casa da Moeda R$ 0,03 por unidade produzida, como prevê o Sicobe, além de solicitar a indenização a pequenos fabricantes pela Casa da Moeda. "Manter a situação atual faz com que os pequenos fabricantes tenham uma carga tributária superior à das grandes corporações", reclama o presidente da Afebras, Fernando Rodrigues de Bairros.

Karina Nappi

#BEIRA RIO - Energéticos : Mercado voraz!

Movimentação intensa no mercado de bebidas energéticas. De julho para cá, três novas marcas foram lançadas no País: TNT, da Cervejaria Petrópolis, a internacional Dark Dog e Gladiator, da Coca-Cola, empresa que já tem outro produto no segmento, Burn. A chegada de tantos novos concorrentes não é mera coincidência. Entre dezembro e julho de 2008, o consumo de energéticos no Brasil foi de 11,7 milhões de litros. No mesmo período deste ano, esse número já era de 17,3 milhões, um salto de 48,5%, segundo dados do Instituto Nielsen.

Nesse cenário reina a marca Red Bull, com o domínio de mais de 50% do mercado. Isso faz com que os novos players entrem em ação, ambicionando, de início, a segunda posição. "No período em que os Estados Unidos consomem 4 bilhões de latas, o Brasil consome 150 milhões. Ainda há uma fatia muito grande de mercado a se conquistada", explica João Wickert Taffarel, diretor de marketing da Dark Dog Brasil. Os concorrentes recém-chegados sabem também que o espaço para crescer é explorar o consumo do produto durante o dia. 



"Optamos por trazer Gladiator para o mercado brasileiro porque fizemos pesquisas que apontaram grande demanda por um produto energético adequado a ocasiões diurnas", comenta John Pinto, diretor de marketing de novas bebidas da Coca-Cola Brasil. "Observamos o mercado mundial e percebemos que o energético é visto como uma espécie de refrigerante de adulto. Não é um produto só focado na noite", reforça Douglas Costa, gerente de marketing da Cervejaria Petrópolis. 

Por isso, a empresa resolveu trabalhar o vínculo da marca TNT com os esportes desde o seu lançamento. Na semana passada, inclusive, anunciou a criação do TNT Team, um grupo de 17 atletas patrocinados pela marca. Os esportistas olímpicos são o nadador Cesar Cielo, o judoca Flavio Canto e as gêmeas  do nado sincronizado, Bia e Branca Feres. Os demais atletas são representantes de esportes radicais, como o lutador Rodrigo Minotauro.


O contrato de patrocínio fechado com os esportistas olímpicos vai até 2012, quando ocorrem os Jogos de Londres, com prioridade de renovação até 2016, ano em que o evento será realizado no Rio de Janeiro. Já os atletas de esportes radicais têm contrato fechado até 2010, também com prioridade de renovação. De acordo com Costa, o lançamento do TNT conta com investimentos de R$ 2,5 milhões. Antes disso, a marca patrocinou a escuderia Brawn no Grande Prêmio de Interlagos de F-1, realizado no domingo, 18. A agência que dá apoio às ações de marketing é a Multi Solution.
BatalhadoresA Coca-Cola, por sua vez, investe na conquista do público que estuda e trabalha. Por isso, Gladiator conta com diferentes sabores. A estratégia de lançamento inclui ainda disponibilizar o produto em latinhas de 473 ml pelo mesmo preço das de 250 ml dos energéticos já existentes no mercado. Embora ambas as marcas da empresa sejam atendidas pela NBS, o posicionamento de cada uma é bastante diferente. "A campanha do Burn é direcionada aos frequentadores de baladas, festas de música eletrônica, shows, por ser um produto consumido em ocasiões de socialização à noite", comenta Pinto. "Já o conceito do Gladiator traz a ideia de que o brasileiro é o próprio protagonista de sua história, ajudando-o a manter a energia mental e emocional na busca de um futuro melhor."

Para o lançamento da marca foram criadas ações para TV e internet. Entre elas, uma de conteúdo no programa Pânico na TV, da Rede TV. O quadro Gladiadores de Verdade traz uma arena onde personagens como o Motoboy Marino e o Estudante Mascarado entram em combate contra os inimigos do dia a dia. Entre eles, Patrão, Impiedoso, Temível Ônibus Lotado e Salário Merreca Mínimo. Já para a web, além do site de Gladiator (www.gladiadoresdeverdade.com.br), foram lançados games. 

Em outra frente, a estratégia da Dark Dog passa primeiro pela promoção da experimentação do produto em locais frequentados pelo público-alvo da marca. "O objetivo é educar o consumidor, que ainda não entende muito bem o que é uma bebida energética", comenta Taffarel. A marca também apoia a skatista brasileira Karen Jones. "Mas a bebida não é só para o público jovem, é para todo mundo que precisa de energia", pondera o executivo. 



Em um segundo momento será lançada a campanha de mídia, incluindo patrocínio de programas de rádio, inserções em revistas e internet. Com investimentos de R$ 2 milhões, o lançamento conta com o suporte da Wild Propaganda. "Em cinco anos queremos alcançar o segundo lugar no segmento", diz o diretor de marketing. A Dark Dog é uma bebida austríaca que hoje está presente em 40 países

#beira rio : Um novo mundo das embalagens!



Na luta pelo mercado, as empresas transformam os invólucros de seus produtos em armas estratégicas

Uma das maiores feiras de embalagens do mundo acontece a cada três anos em Düsseldorf, na Alemanha: mercado em ascensão
Por Felipe
Seibel e Luiz Octavio Lima

EXAME Nunca como hoje as embalagens desempenharam uma função tão estratégica para empresas de bens de consumo do mundo todo. Seu papel vai muito além da proteção do produto oferecido e da já tradicional promoção de suas qualidades. Em última análise, a embalagem deixa de ser parte para ser o produto. Uma embalagem inovadora ajuda na conquista dos disputadíssimos espaços nos pontos-de-venda. Pode elevar o valor da mercadoria e -- por conseqüência -- sua rentabilidade. Pode, graças a novas tecnologias e inovações, criar e destruir mercados. É só olhar para trás e ver o que as caixas Tetra Pak fizeram com os velhos saquinhos de leite. Ou o que as embalagens a vácuo provocaram no negócio de máquinas de torrefação de café.
Nos últimos tempos, o Brasil vem se tornando um importante pólo de produção, consumo e exportação de embalagens inovadoras. Hoje, 19 das 20 maiores fabricantes mundiais de embalagens estão presentes no país. Há alguns dias, a suíço-alemã SIG Combibloc, fabricante de embalagens longa-vida, anunciou um investimento de 70 milhões de euros para erguer sua primeira unidade no Brasil. Segundo dados da Fundação Getulio Vargas de São Paulo, a indústria brasileira de embalagens dobrou de tamanho nos últimos quatro anos. Em 2000, movimentou 16,3 bilhões de reais. A projeção para este ano é 33 bilhões. Um crescimento, portanto, de mais de 100%. Por trás dos números, está o processo de sofisticação do mercado, empurrado pela abertura, pela segmentação cada vez maior dos tipos de consumidor e pelo aumento da competição. "Em prateleiras com produtos cada vez mais parecidos, diferenciar-se é vital", diz o designer Lincoln Seragini, um dos maiores especialistas no assunto no país. "A embalagem, em fração de segundo, tem de chamar a atenção, estabelecer uma empatia com o consumidor e, finalmente, fazer a mercadoria pular para o carrinho."
As inovações no Brasil
Algumas das inovações feitas pelas empresas brasileiras na área de embalagens
Comunicação e custo
O novo tipo de rótulo aumenta o espaço para comunicação com consumidor e usa matéria-prima mais barata
Mais eficiência 


As novas bisnagas de creme dental permitem melhor aproveitamento do produto e uso mais fácil
Segmentação
A minilata de 200 ml é uma das 18 apresentações da Coca-Cola: a estratégia é ampliar o mercado
Para se diferenciar
Para chamar a atenção do consumidor, a Nestlé mudou a embalagem do Leite Moça após 83 anos

Conseguir isso é um desafio cada vez maior para as empresas. Não só devido aos aperfeiçoamentos tecnológicos, às campanhas de marketing necessárias para avisar o consumidor e ao treinamento de pessoal na produção. A grande questão é a velocidade com que tudo isso deve acontecer. Atualmente, no Brasil, as empresas levam, em média, dois anos para concluir um processo de mudança de embalagem. Com o aumento da concorrência -- formal e informal -- esse tempo deve, progressivamente, cair.
Veja o caso do Leite Moça, entre as marcas mais consagradas da Nestlé. Por 83 anos, o produto foi apresentado em sua tradicional latinha cilíndrica. Em 2004, após dois anos de pesquisas, o Leite Moça ganhou nova embalagem, sinuosa. Foram dois os motivos alegados pela Nestlé. O primeiro, a necessidade de destacar o produto nas prateleiras dos supermercados e, assim, ganhar a batalha pela atenção do comprador. O segundo, o combate às chamadas marcas talibãs. Marcas desconhecidas, distribuídas no interior do país, passaram a copiar sistematicamente a embalagem do Leite Moça, levando o consumidor a se confundir na hora da compra. O problema ainda mais grave -- em escala internacional -- levou a Cacique, produtora do Café Pelé, a desenvolver uma embalagem que dificulta a cópia. A demanda surgiu quando a empresa descobriu que quase 50% do Café Pelé consumido na Rússia era falso (uma das embalagens pirateadas levava o nome de Café Pelo).
Um mercado em alta
Variação
nas vendas e nas exportações da indústria brasileira de embalagens
Faturamento (em bilhões de reais)
Variação de 21%
2003 23,7
2004 28,6
Exportações (em milhões de dólares)
Variação de 7%
2003 274
2004 292
Fontes: Abre/FGV, IBGE

A inovação nas embalagens também tem sido encarada como forma de aumentar as vendas e -- sobretudo -- as margens de lucro dos produtos de alto consumo. Basicamente, com uma roupagem mais moderna, as empresas tentam fazer com que o mercado dê mais valor (ou pare de depreciar) a um produto já conhecido. Há muitos anos, a Sadia vende pedaços de frango. Trata-se de uma mercadoria que tem tudo para se transformar em commodity e ter seus preços achatados. Em 2004, porém, a empresa encontrou uma forma de renovar sua linha. Lançou pedaços de frango embalados individualmente em plásticos que podem ser abertos e fechados. Com isso, espera ampliar seu mercado. A mesma estratégia foi adotada pela Unilever, com seu molho de tomate Pomarola. "Abertura e fechamento são problemas críticos em qualquer embalagem", diz Fabio Mestriner, presidente da Associação Brasileira de Embalagem (Abre). "A Unilever conseguiu resolvê-lo." A empresa levou anos para chegar a uma tecnologia que permitisse ao consumidor abrir a lata e voltar a fechá-la, conservando o produto por mais tempo. Hoje, a inovação é exportada para os Estados Unidos -- algo raro para um mercado como o brasileiro, normalmente importador de novidades nessa área.

A segmentação cada vez maior do mercado e as mudanças nos hábitos de consumo são outros importantes motores da revolução das embalagens, no Brasil e no mundo. Após a popularização do microondas e o surgimento de uma embalagem que permite o preparo instantâneo, a pipoca nunca mais foi a mesma. O mercado mudou, respondendo a uma demanda por maior praticidade. Para quem produz embalagens, segmentação quer dizer, entre outras coisas, poder aquisitivo, estado civil e estilo de vida. Uma das cenas matinais mais comuns em grandes metrópoles, como Nova York e Tóquio, é ver homens e mulheres de negócios com seus copos de café transitando pelas calçadas, rumo ao trabalho. O velho e bom café da manhã na mesa da cozinha é um hábito cada vez menos comum. O que isso representaria nas vendas de um produto como o café solúvel Nescafé, uma das mais importantes marcas globais da Nestlé? A solução foi a adaptação. Recentemente, a Nestlé lançou nesses mercados uma embalgem de Nescafé que esquenta automaticamente o conteúdo. Basta pressionar o fundo da lata. O mesmo princípio vale para bebidas geladas. Já há no mercado europeu garrafas de cerveja que mantêm o líquido na temperatura ideal.
Inovações lá fora
Mudanças no estilo de vida do consumidor são o principal motor das inovações nas embalagens
Long neck de alumínio
Mantém o líquido refrigerado por mais tempo do que na versão em vidro, além de ser mais leve
Auto-aquecimento
Lata com dispositivo que, quando acionado, aquece o produto. Há versão para sopas e chás

Tal fenômeno também acontece no Brasil. Após constatar em uma pesquisa que 50% dos compradores de cerveja consumiam o produto em casa, a Ambev, dona da marca Skol, lançou sua versão Big Neck. "A nova garrafa dispensa o abridor, pois tem tampa de rosca, e carrega um volume maior de cerveja", diz Vivian Serebrinic, gerente de inovações da Skol. "Com isso, o consumidor não precisa interromper suas atividades para apanhar mais cerveja na cozinha." O grupo Pão de Açúcar deve lançar, em breve, uma lata de óleo com marca própria, com design e volume ideais para consumidores que moram sozinhos. A Coca-Cola tem hoje, no mercado brasileiro, 18 variações de embalagens para seu principal produto. Até 2002, eram apenas três. O mais recente lançamento é uma lata caçulinha, de 200 mililitros, correspondente a 42% do volume da tradicional. Desde fevereiro, a embalagem está em teste nos mercados do Rio de Janeiro e de Porto Alegre. A idéia de lançar uma em balagem diminuta surgiu com base nos resultados de uma pesquisa encomendada pela empresa. Os consumidores se mostravam contrariados em, muitas vezes, ter de comprar um volume maior do refrigerante apenas para dar alguns goles. Isso gerava frustração e -- conseqüentemente -- vendas menores.
Algo muito parecido aconteceu com a maionese Hellmann's, da Unilever. Em 2004, a empresa investiu 7 milhões de reais para trocar os potes de vidro -- comercializados durante mais de quatro década -- por similares de plástico. A demanda surgiu após dois anos de pesquisas. O estudo demonstrou o óbvio. Maioneses são consumidas principalmente por crianças. E vidro não é o material mais apropriado para ser manipulado por elas. "A nova embalagem não só atende a essas solicitações, mas também agrega modernidade à marca", afirma Felipe Mendes, gerente de marketing da companhia. Segundo dados da ACNielsen, após a mu dança na embalagem, a participação da Hellmann's no mercado de maioneses cresceu de 47,1% para 50,6%.
Alterar a roupagem de uma marca consolidada é, muitas vezes, necessário. E quase sempre complicado. Embalagens fazem parte da personalidade dos produtos. Passam certos valores e sensações. Quanto mais tradicional o produto, mais difícil e arriscada é a modificação. A vodca Absolut foi criada há 126 anos. Desde então, sua garrafa, inspirada num frasco medicinal vendido em farmácias suecas no século passado, sofreu pouquíssimas modificações. A força da embalagem é tão grande que ela se tornou protagonista de uma das campanhas publicitárias mais marcantes das últimas décadas. Seu contorno aparece em mais de 500 tipos de anúncio. Algo semelhante acontece no Brasil com o bombom Sonho de Valsa, líder em seu mercado. Desde 1942, sua embalagem rosa não era alterada. Não modernizá-la poderia passar a imagem de produto envelhecido. Mudá-la traria o risco de ver consumidores cativos se afastar. Há dois anos, a Kraft Foods, dona da marca, decidiu correr o segundo risco. A mudança exigiu pesquisas com consumidores, análises do produto e projeções que anteciparam as reações às modificações. Depois da reforma, a participação do Sonho de Valsa no mercado de bombons passou de 40% para 43%


A decisão de transformar uma embalagem é sensível não só pela imagem que carrega, mas pelo que costuma representar no custo final do produto. Em alguns casos, o invólucro vale mais do que a própria mercadoria. O copo plástico da água mineral é responsável por 85% do preço final. Latas de ervilha e milho, por 70%. Ter flexibilidade para usar diferentes materiais e aproveitar as melhores condições do mercado, portanto, passou a ser um fator de competitividade para muitas indústrias. O mercado de refrigerantes, por exemplo, trabalha com plástico, vidro e metal. Se um desses componentes elevar subitamente o custo do produto, os fabricantes têm chance de optar por despejar no mercado uma quantidade maior em embalagens que estejam com o preço mais baixo. Mas, evidentemente, há limites. E eles estão na rejeição do consumidor à novidade. Há quatro anos, os fabricantes do achocolatado Ovomaltine decidiram substituir as latas alaranjadas -- embalagem do produto por 40 anos -- por pacotes de alumínio flexível. Os usuários teriam de, eles próprios, acondicionar o produto em potes adequados. O objetivo principal era re duzir o custo do Ovomaltine e aumentar a competitividade. A inovação, porém, foi rechaçada por parte dos consumidores.
A globalização tem tido um papel fundamental na revolução das embalagens. O fim dos limites comerciais vem progressivamente acabando com as diferenças entre elas. O que é vendido aqui pode ser comercializado na Argentina, no México, nos Estados Unidos ou no Japão. Isso resolve um problema de escala para as grandes empresas, mas também coloca um desafio: tornar as embalagens multinacionais. Um número cada vez maior de produtos é fabricado numa única base -- o Brasil, por exemplo -- e exportado para vários países. Isso faz com que as informações contidas nas embalagens sejam escritas em vários idiomas. Para tanto são necessários rótulos maiores. Novas tecnologias permitem que esses rótulos ocupem quase a totalidade da embalagem. Empresas como Schincariol e Danone já começam a utilizar esse tipo de inovação em alguns de seus produtos.
A evolução do mercado de embalagens em todo o mundo tem despertado uma série de discussões de caráter social e ambiental, com efeitos diretos sobre os negócios. Uma delas é o que fazer com os invólucros após seu uso. No Brasil, o Congresso Nacional começou a discutir a Lei Nacional de Resíduos Sólidos, que deve decidir de quem é a responsabilidade pelo destino desse tipo de produto -- se das empresas ou do Poder Público. Atualmente, o projeto está parado na Casa. Essa é, porém, uma questão de contornos globais. E é inevitável que, mais cedo ou mais tarde, passe a ser debatida com mais ênfase por aqui. Essa perspectiva já vem despertando ações por parte de empresas, preocupadas com sua imagem de sustentabilidade diante da sociedade. A Tetra Pak, que enfrenta críticas por ter baixo índice de reaproveitamento de suas embalagens longa-vida, associou-se à Alcan, à TSL Ambiental e à Klabin e, junto com o IPT e a Unicamp, desenvolveu uma tecnologia de plasma capaz de separar o alumínio do plástico, o que facilita a reciclagem de seu produto. A primeira fábrica mundial da nova recicladora será erguida em Piracicaba, no interior de São Paulo, e vai exigir investimentos de 10,5 milhões de reais. Os especialistas prevêem que, num futuro próximo, a preocupação ambiental será um dos requisitos mais importantes para a indústria da embalagem e seus clientes.