Pesquisar este blog

terça-feira, 19 de outubro de 2010

O Monopólio no setor de bebidas!

Paraná - 19/10/10

Helio Miguel

A enorme concentração no setor de bebidas, em que três companhias dominam mais de 80% do mercado, já provocou o fechamento, em 10 anos, de mais de 600 empresas de menor porte, no País.

Apesar da fase mais forte de aquisições fusões já ter passado, muitas dessas companhias sobreviventes ainda acham que dá tempo de buscar soluções para o problema, que passam, por exemplo, pela redução de impostos e maiores limitações à concorrência desleal.

Um dos primeiros passos oficiais para isso será dado hoje, em Curitiba, quando empresários do ramo irão se reunir em um simpósio sobre o tema. “Se não houver um basta (nessa situação), as grandes vão ficar cada vez mais fortes”, afirma o presidente da Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil (Afrebras), Fernando Rodrigues de Bairros.

“Não são só as pequenas empresas que perdem com isso. Os municípios-sede e os consumidores também são prejudicados”, lembra ele, questionando: “Quanto será que iremos pagar por um refrigerante daqui a cinco anos?”.

No entanto, Barrios reconhece que as ações contra a concentração de mercado estão chegando tarde para muitas empresas que já fecharam ou estão em vias de fechar. Para ele, o desafio do momento é, ao menos por enquanto, manter vivas as fabricantes pequenas.

“A fusão da Brahma com a Antarctica, em 2000, não deveria ter sido aprovada”, lamenta. “Hoje existe uma força contrária, um lobby, muito fortes a favor das grandes”, critica, apresentando estatísticas que mostram que a participação das pequenas no mercado de cervejas caiu de 6% para 1,6%, desde então.

Para Bairros, que será um dos palestrantes no evento de hoje, mudanças na política tributária do setor são um dos caminhos para que o mercado volte a se equilibrar ou, pelo menos, deixe de caminhar para uma monopolização. “Embora também seja necessária uma regulação de mercado, é preciso mudar a tributação”, diz.

O executivo ressalta que empresas que produzem refrigerantes, cerveja e água mineral não podem, por exemplo, participar do regime Simples de tributação, e isso, em sua opinião, só favorece as gigantes do setor. “Enquanto produtos de uma Ambev arcam com uma carga tributária de 40%, uma cerveja Colônia arca com 60%”, afirma.

Como exemplo do enfraquecimento das marcas menores de bebidas, Bairros cita um levantamento feito pela Afrebras, que descobriu que elas têm apenas 2% a 3% de espaço nas prateleiras de supermercados, em média.

“Com essa menor exposição, o consumidor vai esquecendo as pequenas marcas”, conclui, mencionando marcas como a Cini, cada vez menos presentes nas gôndolas.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

O assunto proibido da eleição!



Os candidatos ainda não disseram, de maneira objetiva, o que vão fazer com a carga tributária. Algum deles pretende, realmente, cortar impostos?

J.R. Guzzode EXAME
25/06/2010 | 10:19

É aceitável que candidatos à Presidência da República atravessem uma campanha eleitoral inteira e cheguem ao dia das eleições sem ter assumido nenhum compromisso preciso sobre o que pretendem fazer em relação aos impostos pagos pelos eleitores cujos votos estão pedindo? Não se trata de pouca coisa. Os candidatos não estão disputando a presidência de um clube de debates; estão solicitando que a população os coloque, simplesmente, no principal cargo público do país. Da mesma maneira, impostos não são um detalhe secundário, que possa ser entregue aos estudos de uma equipe de técnicos e deixado para ver depois. Ao contrário: envolvem interesses diretos, imediatos e permanentes do eleitor, e estão entre as questões mais críticas da economia nacional. Não deveria ser aceito como um fato normal, portanto, que a pessoa que vai estar sentada na cadeira de presidente do Brasil daqui a seis meses chegue lá sem ter dito nada de útil sobre o assunto. Não deveria, mas, salvo alguma grande surpresa, é exatamente isso o que vai acontecer.
Todos os candidatos, é claro, dizem que estão preocupados com o tema. Deploram a situação de anarquia vivida há anos pelo sistema tributário brasileiro. Prometem mais racionalidade, mais eficiência e mais justiça na cobrança dos impostos. Não resistem, obviamente, ao impulso de pregar a necessidade de um regime fiscal mais "enxuto" - eis aí uma palavra que, por alguma razão, fascina os políticos brasileiros. Em certos momentos, chegam até mesmo a dizer que o país está precisando de uma reforma fiscal - junto, naturalmente, com pelo menos mais uma dúzia de outras reformas indispensáveis e urgentes. A única coisa que não falam, em matéria de impostos, é o que realmente pretendem fazer com eles na prática. "Reforma fiscal", na experiência brasileira, é algo que não quer dizer rigorosamente nada; por isso mesmo a expressão é utilizada com tanta frequência na vida pública, pois permite que a pessoa fique a favor do bem sem ter de assumir compromisso nenhum. Como, na verdade, o conceito de "reforma fiscal" poderia ter algum significado quando o administrador público brasileiro, como princípio supremo, só admite mexer em impostos se houver a garantia de que qualquer mudança não vá diminuir em nada a arrecadação?
Dos candidatos à Presidência, em matéria de impostos, o eleitor tem o direito de esperar três definições muito objetivas e descomplicadas. O candidato, se eleito, vai cortar quais impostos, e em quanto? Vai deixar a situação como está? Vai aumentar o número de impostos ou suas alíquotas atuais? (Fica entendido, evidentemente, que não vale suprimir um imposto ou reduzir uma alíquota e fazê-los reencarnar em outro lugar da receita.) Qualquer manifestação, por parte dos candidatos, que não responda a essas perguntas será, no fim das contas, conversa fiada - e, pelo andar da procissão até agora, é justamente conversa fiada o que o eleitorado vai ouvir até o dia 3 de outubro. Quanto às convicções reais dos dois principais concorrentes em relação ao tema, o que se pode fazer no momento é examinar seu histórico, pois eles mesmos, de viva voz, não se abriram a respeito de nenhuma das três definições mencionadas acima - e não parecem prestes a se abrir. 
No mais, é esperar e ver
.